sábado, 14 de agosto de 2010

Quase morte



Rindo, brincava no banco da praça com minhas sobrinhas. Escutei um som alto, levei um susto, mas logo sorri para as minhas pequenas novamente. As duas, sérias, olharam assustadas pra mim.
De repente, um calor na minha barriga, olho pra baixo e me vejo sangrando. Uma dor me invade, começo a suar frio. Todos a minha volta se desesperam. Me deitam no mesmo banco onde estava sentada.
E nesse exato momento o mundo se cala, comecei a ver um filme em minha mente. E garanto, não era um filme bom. Comecei a ver cenas da minha vida, e não eram as minhas melhores lembranças. E nem as piores, pelo menos não até aquele momento. Eram memórias ruins que outras pessoas tinham de mim. Coisas, sentimentos ruins que eu causei. Aquele filme era bem diferente do que eu costumava imaginar quando pensava no que poderia ser a morte pra mim. Sempre imaginei ver as melhores cenas, os melhores momentos, os melhores sorrisos. Mas que nada, comecei a ter nojo de mim ao ver tudo aquilo. Os momentos em fui indiferente com a minha mãe, o dia em que não dei atenção a um amigo que precisava de mim, o sorriso que guardei pra mim, porque estava estressada demais para doar a outra pessoa. O abraço que me neguei a dar num momento de raiva, e o olhar amigo e seguro pra aquela a quem eu sempre estimei e quem sempre esteve comigo. Palavras lançadas sem o menor pudor ou medo de magoar. Palavras contidas por vingança. Coisas ruins das quais eu nem lembrava mais, ou pelo menos não o meu consciente.
Depois de todas as cenas passarem lentamente em minha mente, vi o rosto da minha mãe, vi meu pai chorando, e meu namorado com as mãos na cabeça, quase tendo um colapso. Não, eles não estavam lá, mas a minha ânsia por vê-los foi tamanha que comecei a delirar. Escutei novamente o mundo, as pessoas naquela praça. Alguém gritou meu nome e tudo começou a girar. As vozes foram ficando distantes, tudo foi escurecendo e ...
Não, não poderia acabar daquele jeito. Não poderia morrer sem deixar o meu legado, não poderia partir para o Pai sem me fazer presente nesse mundo de uma forma boa, positiva. Só lembro de ter pedido a Deus a permissão de tentar mais uma vez, tentar ser diferente, tentar fazer diferente.
Acordei num quarto branco com um cheiro forte que não consegui identificar, me perguntando o que tinha acontecido realmente. Minha mãe estava sentada na poltrona e deu um salto quando que viu acordar, um grito. E quando menos esperava do outro lado surgiu ele, meu bem amado, meu namorado, chorando feito criança. Fez-se a festa. Meu pai, teimoso, com o cigarro entre os dedos, veio correndo me abraçar.
Meus amores, meus bens amados ali comigo. Não, eu não morri. Deus me proporcionou uma segunda chance. Um recomeço, uma oportunidade de fazer diferente, de ser diferente.
As dificuldades e obstáculos serão inúmeros, mas vou superar com o sorriso largo no rosto. Não vou desperdiçar tudo aquilo que Deus me proporcionou. Um amor, grande, único. No qual me agarro, me entrego por inteira. O amor Dele que me fez ressurgir de uma vida monótona e vazia. Deus, meu grande amor está me dando forças pra continuar e tentar o melhor.
Aquela bala acertou minha barriga, mas não acertou nenhum órgão, por um milagre. Mas Deus, ah, Ele acertou em cheio o meu coração. Eu já não sou mais o alvo. O alvo é o Céu, o meu alvo é o céu. E não era minha hora, Ele não permitiu. Vou vivendo de um jeito que o Céu seja o meu lugar.

4 comentários:

Luana Ribeiro disse...

Texto lindo Camila! Bem, fiquei um pouco confusa? Aconteceu ou é história? :S

Eu nunca passei por anda parecido, mas um dia eu cai na real sozinha do modo como eu tratava as pessoas proximas a mim, fiquei um bom tempo refletindo, foi a um tempo, mas lembro disso como se fosse hoje! E a partir desse dia eu mudei, logico tenho os meus momentos de estresse, mas não como antes! Hoje penso muito antes de dar uma patada em alguém! Beijos

Unknown disse...

A palavra certa não é nem historia como eu coloquei ali, é não querer acreditar que isso aconteceu com você mesmo =/

Camila Paier disse...

Belo texto xará! Mas confesso que fiquei meio confusa também, assim como a Luana. Verdade, ou devaneio?
Mil beijos!

Ella disse...

que liiiiiiiindo *----* amei amei amei. pensei que só eu tivesse "delírios" assim rs! se me permite, eu gostaria de postar esse texto algum dia no meu blog. parabéns!

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