sábado, 3 de abril de 2010

a resposta .



Eu acho incrível a minha capacidade de me desligar da dor e do mundo que me rodeia quando eu escrevo. Acho que escrever, mesmo que não muito bem, seja o meu único dom descoberto.
Eu queria conseguir me expressar pessoalmente. Impossível.
Hoje, eu não sei mais o que eu sinto.
Não sei se eu posso odiar e amar ao mesmo tempo, e eu nem sei mais se o que eu sinto é amor, obcessão, paixão, vontade, saudade.
Eu não consigo mais me expressar fervorosamente através de palavras. Um oi aqui, outro ali .. e nada resolvido.
Eu acho que eu passei a valorizar mais os olhares. O contato físico. Consigo me expressar através de lágrimas quando eu estou triste. Palavras não descrevem mais o modo como eu me sinto, porque às vezes, nem eu consigo achá-las para descrever.
Meus olhos brilham quando eu estou feliz, e o sorriso permanece no meu rosto, incansávelmente.
Mas hoje eu acordei e eu não estava nada. Nem feliz, nem triste, nem agitada, nem deprimida.
Só conseguia enxergar saudades através da imagem que via refletida no espelho. Mais nada.
Vi os meus sentimentos ( se é que eu os tinha ) indo embora junto com a água que pingava do meu rosto hoje de manhã.
Fiquei fria, durante o dia todo. Nem alegria, nem ódio, nem choro, nada.
Não ouvia mais os desabafos de minha mãe, tentando descontar em mim o desespero que ela sentia vendo o meu pai tirar suas roupas de casa.
Pedi perdão pelo olhar, mas hoje não consigo proferir palavra nenhuma.
A saudade me consome e me faz querer gritar. Mas algo me cala, sempre. Então, aprendi a conviver com ela, por mais que ela doa.
Seja saudade de quem for, ela dói e me machuca. Quanto mais o tempo passa, mais eu fico dilacerada e proporcionalmente, triste.
Vejo cada vez mais que é impossível ser feliz sozinho, em qualquer ocasião da sua vida. Até quando durmo, nos meus sonhos não posso estar sozinha. São sonhos tristes e tão solitários ...
prefiro não pensar.
Me deito de novo, às 13:39 da tarde, e olho pro teto branco que cobre o meu quarto.
Escrevo o teu nome do ar, brinco de ser desenhista. Olho o teu retrato no quadro pendurado na parede e me perco em meio a lembranças e momentos. Caio no sono.
Quando acordo, me deparo com a mesma foto, e continuo de onde eu parei.
Desisto de sonhar, me levanto, enquanto uma frase me perturba incansávelmente.

" Se você não pudesse ficar com quem você ama, você ficaria com quem ama você ? "

A minha resposta ?
Não.


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