sexta-feira, 23 de julho de 2010

o ultimo beijo


a gente estava bonito junto e foi indo fácil e leve.
O bicho homem não faz outra coisa a não ser pensar no amor.
Caio Fernando de Abreu

Uma manhã qualquer, para muitos. Cinza, chuvosa, sem cor. Queria eu conseguir ver cor nesse dia difícil. Mas parecia impossível para os meus tristes olhos e para o meu desesperado coração. Despedidas são difíceis, mesmo quando se sabe que vai ter uma volta, uma continuação. Que isso tudo é apenas uma vírgula, um tempo, apenas distância física. Mas pra mim era como se parte de mim fosse tirada, arrancada, de maneira nada delicada. Acordei sem que o despertador soasse acordando assim a casa toda. Tentei permanecer na cama e fingir que nada daquilo estava acontecendo, que ele estaria ali na manhã seguinte, e na outra e na outra. Que teria seus conselhos, seu colo, seu sorriso, suas tolices, criancices e abraços, teria a sua presença. Olhei para o lado e lá estava ele, dormindo um sono bom, tranquilo. Tinha no rosto uma expressão tão delicada, alegre até, eu diria, sorria. Imagino que estivesse sonhando com algo bom. Sorri ao pensar que nossos filhos teriam este mesmo sorriso, essas mesmas expressões. Quando quase conseguia esquecer o que estava prestes a acontecer, o despertador literalmente me despertou, me estremeceu, me trouxe de volta a realidade. Cai da cama com tamanho susto. Já de pé olhei pela janela, a chuva caia impiedosamente, forte. Ao passo que ia arrumando minhas coisas, meu coração apertava cada vez mais. Sei bem que poderia viver sem ele, nada de grandes problemas. Sentiria falta, mas sobreviveria. Eu sei que conseguiria. Mas eu não quero! Uma opção minha. Mas tens que trabalhar e correr atrás daquilo que te garantirá um futuro bom, pleno. Um futuro onde não mais teremos que ficar distantes.E que isso não é uma opção no caso dele. Trabalho é trabalho. Mas hoje há a partida e a se Deus permitir, também teremos a chegada quatorze dias. Fomos de mãos dadas até o portão, entramos no carro e não dizíamos uma palavra se quer. Nos olhamos nos olhos, e não me contive, a lágrima caiu sem mesmo que pudesse perceber, sem mesmo que pudesse conter. Seu abraço apertado secou cada lágrima que caia em seus ombros largos. Ficamos assim, abraçados até o nosso destino. O ponto de partida. Descemos do carro, ainda mudos. Mas nossos olhos podiam "falar" mais do que qualquer outra palavra no mundo. E tudo foi acontecendo como o de costume. Como se fosse um ritual de despedida que se repete todas as vezes em que ele parte e leva consigo uma grande parte de mim. Um eu te amo, doído, como se fosse a ultima vez que fosse pronunciado, um sorriso de canto de boca com lágrimas quase que caindo dos olhos, um beijo na testa e aquele olhar. Aquele que aperta, maltrata, parte o meu pobre coração. E se foi. Deu as costas e foi pro mundo. Como num breve momento de felicidade ele olhou pra mim novamente, mas logo em continuou seguindo seu caminho. Permaneci ali parada, imóvel. Como se num ultimo desejo, numa ultima esperança de que ele voltaria de braços abertos, dizendo que não partira mais. Mas que nada. Ele entrou no navio e mais nada.
Ainda imóvel, mas agora olhando pro chão, pensando na vida, na volta, escutei um som vindo de longe. E se repetiu. CAAAAAAMILAAA! Era ele, gritando meu nome com força, num tom e altura que até da Africa se escutaria. Era ele sim, de braços abertos, mas não no cais, já estava dentro do navio. Me chamava e gesticulava para que eu fosse ao seu encontro. Larguei tudo sem pensar duas vezes.Mas chegando perto notei que a janela de onde falava era alta e tão pequena. Foi quando já chorando, seus campanhas percebendo nosso sofrimento e dor nos ajudaram. Me levaram até ele. Não da melhor forma, mas me levaram. Nos demos o ultimo beijo. Doce, suave, desejado, carinhoso, um beijo que transmitiu tudo aquilo que eu precisava. Toda a solidão e tristeza diminuíram naquele exato momento. Era como se não só mais ele levasse algo de mim, uma parte grande, mas como se ele também deixasse algo dele, na medida certa que se encaixava exatamente naquele espaço vazio que ele levava. E ele se foi, de vez. Mas tinha dentro de mim parte dele, e a certeza de que esse tempo distantes só nos uniria mais. Pois a saudade faz com que tudo se torne mais desejado e valorizado. Amor não é palavra é atitude.

hey, baby! amo-te demasiadamente. Continue cuidando de mim daí que continuo te cuidando daqui.



6 comentários:

Anônimo disse...

que liiiiiiiiiiiiindo .
Parabéns flor'

R. Souza disse...

é enormeeeee! me deu medo ler isso tudo. [mentira, foi preguiça mesmo]Mas eu sempre sou sincera pq gosto que façam o mesmo comigo. Não iria fingir um comentário. =/. beijos

Franciele Valadão disse...

Adorei seu blog, de verdade. Já estou seguindo! *-*

A namorada do Davidson Bitencourt :) disse...

qnt mais leeio , mais qero ler ! ta de parabeens minha linda .

Amanda Martins disse...

Lindo o texto, o blog.
beijao

Tita Bueno ♥ disse...

Seuus textos estaum sempre lindos ,
toda vez qe me sinto meio trsite com o momento que eu tenho passado , pelo qual você também já passou e sabe muito bem como é ser uma boyzinha eu venho aqui para ter mais forçaa ;D
Continuee assim , nos ajudando com esses testos lindos
Beeijos

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